(Parte II) Albert Dickson administra grupos de WhatsApp que promovem falso tratamento precoce contra Covid-19
Compartilhamento de receitas
Apesar de realizar atendimento por WhatsApp, nos grupos Dickson não costuma responder mensagens ou interagir. Seu número encaminha links para suas lives e postagens no Facebook, Instagram e Youtube sobre tratamento precoce.
No entanto, membros dos grupos indicam aos outros que entrem em contato com o oftalmologista por mensagens privadas para atendimento personalizado. Integrantes dos grupos relatam que já foram atendidos pelo médico e até o agradecem publicamente. Também circulam nos grupos receitas de medicamentos com carimbo e assinatura em nome do médico.
A reportagem teve acesso a quatro receituários com a assinatura de Dickson que foram compartilhados pelo WhatsApp no último mês, direcionados a pacientes diferentes e em datas diversas.
Todas elas indicavam o uso da Ivermectina em diferentes dosagens e também outros remédios como os hormônios Dutasterida e Espironolactona, e suplementos vitamínicos. Algumas receitas continham recomendação de medicamentos para suposta prevenção da doença, outras recomendavam medicação para durante e após a infecção por Covid-19.
“São medicamentos que não têm nenhuma recomendação para uso em infecção viral”, avalia o farmacêutico e doutor em epidemiologia, Julio Ponce. Ele ainda chama a atenção sobre as receitas conterem diferentes orientações para pessoas com pesos e sexos diferentes. “Parece ser uma receita não personalizada, que não está sendo feita para um paciente, porque o médico que escreveu não sabe nem se é do sexo masculino ou feminino.” A Pública ainda identificou a presença de outros profissionais de saúde nos grupos analisados. Um deles é o médico recém-formado – ainda sem especialização – Alef Lamark. Ele é integrante de seis dos oito grupos analisados.
Seu número consta como administrador do grupo “Covid/Tratamento Precoce” ao lado de Albert Dickson, e de outras três pessoas não identificadas.
Assim como Dickson, Lamark não interage nos grupos, mas divulga seus vídeos e lives no Youtube sobre tratamento precoce. “Esses dois remédios matam o coronavírus” é o título de um dos vídeos do seu canal no qual ele defende o uso de bromexina e bromelina. Fonte: Agência Pública
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